domingo, 23 de outubro de 2011

O mito da igualdade



“A pior forma de injustiça é tentar tornar iguais cousas desiguais” – Aristóteles

Toda sociedade estrutura-se ao redor de Mitos fundadores. Mito nom é, como pressupom o vulgar vernáculo racionalista, sinônimo de ‘mentira’. Nom é umha ‘mentira’ porque nom é umha narrativa dum fato histórico, e nom sendo narrativa dum fato histórico nom pode ser dito nem ‘verdadeiro’, nem ‘falso’, a partires duma perspectiva historicista.

Um Mito é um continente (no sentido dumha forma que contém um conteúdo, nom no sentido geográfico, obviamente…) de relaçons entre entes, dotado de máxima significaçom por umha valoraçom realizada pela Vontade dum Povo. Um Mito é umha representaçom simbólica do impulso fundador e condutor dumha sociedade, justificando o surgimento daquela sociedade e estabelecendo todas as pautas culturais, as quais a mesma deverá obedecer no seu desenvolvimento.

O fato de nom ser umha narrativa dum fato histórico, porém, nom isenta um Mito de ser objeto de um juízo de ‘verdade’. Apenas altera o âmbito no qual tal juízo deve ser realizado. A ‘verdade’ dum Mito está contida na sua capacidade de ‘afirmar a Vida’ do Povo no seio do qual ele surgiu, ou seja, de promover a expansom e fortalecimento das potencialidades criativas dum Povo e da sua vitalidade. Um Mito incapaz de afirmar a Vida, ou que faça o contrário, é necessariamente auto-contraditório e, portanto, falso.

O Mito, portanto, para ser válido deve ser eminentemente realista enquanto Idéia. A negaçom das verdades existenciais eternas do Homem, dos seus fundamentos existenciais, constitui propriamente ‘negaçom da Vida’ e já identifica intuitivamente um Mito como absolutamente falso.

Um Mito é umha realidade simbólica eternamente presente em todas as sociedades, independentemente do seu ‘nível tecnológico’, do seu ‘progresso material’, ou do seu posicionamento fronte à religiosidade. Existirá tanto em tribos primitivas e supersticiosas quanto em sociedades cientificistas e atéias. Entre os muitos Mitos que ocupam umha posiçom central nas sociedades ocidentais modernas, o principal e o mais nefasto de todos é o Mito da Igualdade.

Nenhum outro Mito é mais fanaticamente defendido, e nenhum pode ser tam ridiculamente falso e prejudicial às sociedades nas quais ele virulentamente se instala, como este. Esse Mito pode ser formulado de duas maneiras. Ou ‘todos os Homens som iguais’, ou entom, ‘todos os Homens nom som iguais, mas deviam ser.’ A primeira é simplesmente umha formulaçom míope e savagem, a segunda é umha formulaçom covarde dos que, tendo sido forçados a reconhecer a surrealidade da crença na Igualdade, tentam salvar o Mito transplantando-o retoricamente para o âmbito do ‘dever-ser’.

Esse afastamento metafísico da Igualdade, que constitui verdadeira sacralizaçom, possui o interessante condom de nos revelar as autênticas origens desse curioso Mito. Tendo sido apresentado ‘filosoficamente’ ao Ocidente por meio da tradiçom iluminista, a qual supostamente devia ser superior à tradiçom medieval por ser ‘racionalista’ e ‘atéia’, o Mito de Igualdade parece possuir algum tipo de ‘aura de respeitabilidade’, como se o fato desse Mito se originar dumha tradiçom racionalista o tornasse ‘real’, ou ‘mais real’.

O Mito da Igualdade, desconhecido na Antiguidade, está originariamente enraizado, porém, exatamente na tradiçom teológica da cristandade medieval e som exatamente as ciências empíricas as fontes dos principais ‘embaraços’ constrangedores dos seguidores dessa teologia contemporânea. Aparentemente, os iluministas e todos os seus herdeiros simplesmente rejeitaram aquilo que há de mais acessório no Cristianismo, a crença em Deus, permanecendo profundamente supersticiosos e cristians em tudo aquilo que é filosoficamente relevante.

Constantemente, porém, nós somos colocados fronte à realidade da profunda e radical desigualdade entre todos os homens nas suas aptitudes, e com o ‘problema’ de que, inevitavelmente, haja homens mais capazes do que outros. Nom digo apenas homens capazes em certa atividade, e outros homens capazes em outras, mas sim homens absolutamente mais capazes do que muitos outros em todas as áreas. Poucos exemplos som tam simples e claros, como o da criança que consegue notas excelentes sem estudar, enquanto seu colega se esforça profundamente em seus estudos conseguindo no máximo apenas resultados medianos.

Como subterfúgio covarde, os igualitaristas entom som obrigados a recorrer a umha variaçom da ‘igualdade metafísica’ da teologia cristia. Segundo a teologia cristia, os homens som ‘iguais diante de Deus’, possuem exatamente ‘almas idênticas’, e, portanto, todas as diferenças entre os homens som apenas contingentes, relativas e efêmeras. Os homens seriam iguais no Paraíso, na Eternidade. Analogamente, os igualitaristas que reconhecem a desigualdade natural entre os homens, afirmam que pola sua vez existe algum nebuloso tipo de ‘igualdade moral’, que reside nalgum ‘plano abstrato’ e, por isso, os homens deveam ser ‘tratados’ com igualdade, formulaçons metafísicas estas que eles som incapazes de explicar e justificar. Em verdade, dificilmente alguém verá um (pseudo) filósofo ou pensador igualitário até mesmo se dispor a justificar as suas crenças.

Nem Rousseau, nem qualquer dos iluministas fizeram algo similar, para além de balbuciarem algumas semi-explicaçons insatisfatórias. Em geral, tais justificativas tentam se apoiar na noçom dumha ‘Razom’ como facultade abstrata e universal. Ocorre que a tal ‘Razom’ como facultade abstrata tampouco existe. O que existe é a ‘Razom’ como instrumento cognitivo prático, a qual é tam universal aos homens quanto sua ‘Altura’. Todos possuem algumha ‘Altura’. Também, todos possuem algo como umha ‘Razom’. Porém, assim como os homens possuem alturas variáveis, a qualidade desse instrumento cognitivo chamado ‘Razom’, também é absolutamente individual e variável entre os homens.

Nom há, portanto, qualquer parâmetro possível para um estabelecimento dumha Igualdade entre os homens, a nom ser recorrendo-se às superstiçons teológicas. Repetindo mais claramente: A Igualdade é umha mentira, umha farsa, um conto, umha trapalhada, umha trama. Nom possui qualquer fundamento real, jamais tivo, nem jamais poderá ter. Quem crê na ‘Igualdade’, ou está fingindo, ou simplesmente sofre de dissonância cognitiva. As sociedades modernas estam, entom, fundadas numha farsa e som, conseqüentemente, eminentemente decadentes e filosoficamente ‘más’.

A ‘Igualdade’ é umha impossibilidade ontológica. Um ente é ele mesmo por conta de suas características individuais. Eu sou ‘eu’, por conta daquilo que me diferença de tudo que é ‘nom-Eu’. Toda a multiplicidade de entes se realiza como multiplicidade pela Diferença, pela Individualidade. Assim, retirando-se os elementos individuais, a ‘Diferença’, que é o meio de alcançarmos a ‘Igualdade’, a partires do momento que tivermos dous entes idênticos, nom teremos mais dous entes, mas apenas um. Se a Diferenciaçom é o que gera a multiplicidade de entes, ou seja, aquilo a que chamamos ‘Universo’, ‘Realidade’, a desconstruçom das diferenças entre os entes só pode ser vista como umha tentativa de se engajar num processo de destruiçom do Universo.

O ‘Igualitarismo’ é umha teologia ‘Anti-Vida’, umha teologia da destruiçom. Nom possuindo base natural, ou seja, real, o Mito da Igualdade só pode se sustentar por meio da coaçom oficial do Estado, ou por meio das formas difusas de coaçom, originadas da infra-estrutura social, principalmente dos meios de comunicaçom e da educaçom. A principal demência derivada do Mito da Igualdade consiste exatamente na crença de que ‘se nom há igualdade, isso é um erro, pois deveria haver’, e agir com base nesse preceito teológico, sustentando e tentando impor a ‘Igualdade’ fronte a umha Realidade indiferente e hostil aos retardos supersticiosos dos homens.

‘Se nom há igualdade, devia haver’. Por quê? Por quê devia haver igualdade? De onde se pode retirar a legitimidade para se estabelecer como Juiz da Natureza? Nom se pode. Isso nom existe onde há qualquer tipo de reflexom autêntica. E como se pode derivar um ‘dever ser’, de um ‘nom ser’? Nom se pode. Nom há qualquer elo de necessidade, seja lógico, ontológico ou existencial, entre esses dois juízos. Inevitavelmente, a única fundaçom possível, a única fonte de legitimidade para esse juízo falso, é novamente a teologia cristiã, a superstiçom bárbara.

Se os homens possuem umha ‘essência’ igual. Se todos os homens som iguais em um plano abstrato, seja teológico, seja racional, entom se deve fazer o possível para atualizar essa potência igualitária metafísica na realidade, como se estivesse a criar um ‘Paraíso na Terra’, como se quisesse promover a materializaçom da ‘Jerusalém Celeste’. Vê-se, portanto, que o ‘Mito da Igualdade’ possui fortes características messiânicas e escatológicas, principalmente por estar intimamente associado a outro Mito, o do ‘Progresso’.

As conseqüências sociais dessa teologia anti-humana som evidentes. Todos os entes só podem ser aquilo que som, e nada mais. Sendo as diferenças entre os entes ontológicas e essenciais, qualquer tentativa de se gerar igualdade só pode ser efetuada nos entes que se diferenciam nos graus dumha mesma qualidade. Ocorre, porém, que o que é inferior em grau em uma certa característica, nom pode se elevar para além dos limites da própria capacidade. Ao contrário, o que é superior em grau, pode se rebaixar, pois já guarda consigo, a priori, todas as gradaçons que lhe som inferiores. Isso significa basicamente que todo processo de equalizaçom realiza-se exclusivamente mediante umha ‘nivelaçom por baixo’, por umha mediocrizaçom imposta ao que é superior, para que ele se aproxime do que é inferior.

Pensemos um cavalo de carreiras e um ‘burro’. Queremos torná-los iguais. ‘É injusto que o cavalo de correiras possa correr mais que o burro! O burro nom merece isso!’. Que faremos entom? Poderemos tentar ‘educar’ o burro a correr como um cavalo de correiras. Logo perceberemos, porém, que isso é impossível. O ‘burro’ poderá correr um pouco mais do que já corre, mas apenas dentro das limitaçons já contidas nas próprias potencialidades dele mesmo.

Se ao invés de nesse momento percebermos que a ‘Igualdade’ é um conto e resolvermos sabiamente que o cavalo de corrida e o ‘burro’ devem ser utilizados naquilo que cada um tem de seu, ao invés de equalizados, quisermos continuar nesse projeto igualitário demente, qual será a opçom restante? Afastas ao cavalo das carreiras. Apenas assim será conquistada a Igualdade. Parece, porém, que a maioria das pessoas crê nalgo que nom só é impossível, como também prejudicial para a sociedade. As razons para essa crença som duas apenas. A primeira é a soma do ressentimento e da inveja daqueles que enxergam a si mesmos como incapazes fronte a semelhantes mais afortunados. O desejo pola ‘Igualdade’ nesse caso nom passa de manifestaçom dum medíocre sentimento vingativo.

A segunda, o desejo por ‘Igualdade’ dos que nom som capazes, surge a partires dum auto-destrutivo senso de ‘piedade’, e dumha deficiência mental, umha ‘dissonância cognitiva’. Inevitavelmente, esse Mito levará o Ocidente à ruína. Será umha ruína merecida, porém. Restará, para os que sobrarem, a missom de construir umha nova civilizaçom sobre fundaçons mais sólidas.

2 comentários:

  1. al fin veo cordura en este blog,miremos todo los que nos une,que es mucho mas que lo que nos separa....gallegos o castellanos me da igual, nuestro destino es comun,la vieja España,la ancestral EUROPA.Un fuerte abrazo.SALUD!

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  2. Nom sei a que se refire "Anónimo", mas este blogger sempre foi dotado dumha grande cordura, nom se trabuque...

    A nossa luita é por EUROPA, as naçons HISPÂNICAS e GALLAECIA ao ser-mos nós Galaicos.

    Sangue e Terra!

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